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quarta-feira, 11 de maio de 2011

O que a água que você lava seu carro, faria na Etiópia?


Se milhões de mulheres que carregam água por longas distâncias tivessem uma torneira na porta de casa, sociedades inteiras poderiam se transformar.
Tina Rosenberg
Foto de Lynn Johnson
O fardo da sede
Mulheres gabras do norte do Quênia gastam até cinco horas diárias carregando pesados galões cheios de água barrenta. Uma seca duradoura levou essa já árida região a uma crise de abastecimento.
Mesmo às 4 da madrugada, à luz das estrelas, ela consegue correr sozinha pelas pedras, morro abaixo, até o rio e enfrentar a íngreme subida de volta para sua aldeia com 23 quilos de água nas costas. Ela tem feito esse percurso três vezes ao dia em quase todos os seus 25 anos de vida, a exemplo de qualquer outra mulher de Foro, a aldeia em que mora no distrito do Konso, no sudoeste da Etiópia. Aylito largou a escola aos 8 anos de idade, em parte porque tinha de ajudar a mãe a pegar água no rio Toiro.
A água é suja, imprópria para beber. A cada ano da atual seca o outrora poderoso rio se exaure mais. Mas é a água de que Foro jamais dispôs.
Aylito também precisa ajudar seu marido a plantar mandioca e leguminosas na roça, catar grama para as cabras, secar o cereal e levá-lo à moenda para fabricar farinha, preparar as refeições, manter limpo o terreno da comunidade e tomar conta de seus três filhos. Nenhuma dessas tarefas é tão importante ou tão exaustiva quanto as oito horas gastas todo dia pegando água.
Nas partes desenvolvidas do mundo, as pessoas abrem uma torneira e dela jorra água limpa. No entanto, 900 milhões de pessoas no mundo não têm acesso à água limpa, e 2,5 bilhões carecem de um meio seguro de descartar os dejetos humanos - muitos defecam em terrenos abertos ou perto dos mesmos rios dos quais bebem água. Água contaminada e falta de banheiro matam em média 3,3 milhões de pessoas por ano no mundo todo, na maioria crianças abaixo dos 5 anos. No sul da Etiópia, e no norte do Quênia, a escassez de chuva nos últimos anos fez minguar até mesmo a água suja.
No Konso, o homem carrega água apenas nas duas ou três semanas subsequentes ao nascimento de seu bebê. Garotos pequenos pegam água também, mas apenas até os 7 ou 8 anos. Essa regra é seguida à risca - por homens e mulheres. "Se garotos mais velhos carregam água, as pessoas começam a fofocar que a mãe deles é preguiçosa", diz Aylito. A reputação de uma mulher do Konso, diz ela, assenta-se no trabalho duro. "Se eu ficar sentada em casa e não fizer nada, ninguém vai gostar de mim. Mas, se eu correr para cima e para baixo pegando água, eles dirão que sou uma mulher sábia que trabalha duro."
Na maior parte do mundo em desenvolvimento, a falta d’água se acha no centro de um círculo vicioso de desigualdade. Algumas mulheres em Foro descem para o rio cinco vezes ao dia, sendo que em uma ou duas dessas viagens elas pegam água para fazer uma bebida fermentada, parecida com cerveja, para seus maridos. Quando pisei em Foro pela primeira vez, uns 60 homens estavam sentados à sombra de uma construção com teto metálico, bebendo. A manhã ia pela metade. As mulheres, afirma Aylito, "nunca têm cinco segundos para se sentar e descansar."
Num fim de tarde quente vou com Aylito ao rio carregando um galão vazio. A trilha é inclinada e, em alguns lugares, escorregadia. Descemos aos trancos e barrancos por grandes rochas ladeadas por cactos e arbustos espinhentos. Depois de 50 minutos chegamos ao rio - ou o que vira rio em algumas épocas do ano. Agora ele é uma série de poços barrentos, sendo que alguns não passam de charcos. As barrancas e as pedras estão cobertas com excremento de burros e vacas. Há cerca de 40 pessoas no rio, o suficiente para que Aylito decida se encaminhar a um ponto rio acima onde a concorrência poderá ser menor. A espera por um lugar para pegar água é especialmente demorada de manhã, razão pela qual ela costuma fazer sua primeira viagem antes de clarear o dia, deixando seus filhos mais novos a cargo de um mais velho, Kumacho, de 4 anos.
Caminhamos por mais dez minutos rio acima, e Aylito reivindica um lugarzinho para se agachar à beira de um bom poço. A criançada pula das barrancas. "Por favor, não pulem", pede Aylito. "A água fica mais suja." Um burro chega para beber do charco que alimenta o poço de Aylito. Quando o animal se vai, as mulheres tentam limpar o lugar usando suas conchas para descartar a água suja fluxo abaixo, onde está Aylito - que as repreende.
Depois de meia-hora é a vez dela. Aylito pega seu primeiro galão e a concha amarela de plástico. Assim que põe a concha na água, outro burro mete as patas no poço que alimenta seu ponto de captação. Ela faz uma careta, inconformada. Mas não pode esperar mais.
O tempo é um luxo do qual Aylito não dispõe. Uma hora depois de nossa chegada ao rio, Aylito encheu dois galões - um para si, outro que eu deverei carregar para ela. Ela ata uma tira de couro ao meu recipiente e o coloca às minhas costas. Fico grata pelo couro macio da tira - a própria Aylito usa uma corda áspera. Mesmo assim, as tiras lanham meus ombros. Com dificuldade, chego à metade do caminho. Mas, quando a trilha se torna mais íngreme, não consigo ir em frente. Envergonhada, troco de galão com uma garota de uns 8 anos; o dela tem a metade do tamanho do meu. A menina enfrenta como pode o peso do galão maior, mas a cerca de dez minutos do topo o fardo torna-se demais para ela. Aylito pega o pesado galão da garota e o instala em suas próprias costas, em cima do que já carregava. Ela nos fuzila com seu olhar de desaprovação e segue montanha acima, agora com perto de 45 litros d’água às costas.
"Ao nascer, sabemos que vamos ter uma vida dura", diz depois, sentada à porta de uma cabana, diante da mandioca que seca sobre uma pele de cabra, segurando seu filho Kumacho. "Essa é a cultura do Konso desde muito tempo antes de nós." Ela jamais questionou essa vida, nunca esperou nada diferente. Logo mais, porém, pela primeira vez, as coisas vão mudar.
Quando você gasta horas carregando água por longas distâncias, você regula cada gota. O consumo diário per capita nos Estados Unidos é de 375 litros d’água, contra 132 litros por habitante no Brasil. Já Aylito se vira com apenas 9 litros. Persuadir as pessoas a usar a água para se lavar é bem mais difícil quando ela precisa ser carregada no braço montanha acima. E, no entanto, higiene e saneamento contam muito. Somente o ato de lavar as mãos já pode reduzir as doenças diarreicas em cerca de 45%. Aylito lava as mãos com água "talvez uma vez por dia", como afirma ela. Ela se banha apenas ocasionalmente. Uma pesquisa de 2007 levantou que nem um lar sequer do Konso dispunha de água e sabão (ou cinzas, um agente de limpeza razoável) para lavar as mãos perto de suas latrinas. A família de Aylito cavou recentemente uma latrina, mas não tem recursos para comprar sabão.
Boa parte do dinheiro da família vai para as consultas, que custam de 4 a 8 dólares na clínica de saúde do vilarejo, para tratar os meninos da diarreia causada por bactérias ou parasitas que eles contraem por falta de higiene e saneamento adequados. Na clínica, o enfermeiro Israel Estiphanos afirma que nas épocas normais 70% de seus pacientes sofrem de doenças transmitidas pela água; sendo que agora a região se vê em meio a uma epidemia particularmente severa.
A 26 quilômetros de distância, no centro de saúde distrital da capital do Konso, quase metade dos 500 pacientes tratados diariamente padecem de doenças transmitidas pela água. Mesmo assim, o próprio centro de saúde carece de água limpa. Nas paredes das salas dos funcionários veem-se pôsteres listando os princípios que regem o controle de infecções. Mas, "durante quatro meses por ano, desaparece a água que alimenta as torneiras", diz Birhane Borale, o chefe da enfermagem, de modo que o governo traz a água do rio em caminhão. "Usamos, então, só para dar de beber aos pacientes ou para que eles engulam a medicação", conta ele. "Temos pacientes com HIV e hepatite B. Eles sangram, e suas doenças são facilmente transmissíveis. Mas só podemos lavar os quartos uma vez por mês."
Mesmo o pessoal médico não tem o hábito de lavar as mãos entre as consultas, uma vez que só há torneiras funcionando em alguns poucos pontos do edifício. A enfermeira Tsega Hagos já levou um banho de sangue ao retirar um dreno intravenoso de um paciente. Mas, mesmo havendo água naquele dia, ela não lavou as mãos depois. "Só calcei outras luvas", diz. "Eu lavo as mãos ao chegar em casa, depois do expediente."
Trazer água limpa para perto da casa das pessoas é fundamental para reverter o ciclo de miséria. As comunidades em que a água limpa se torna acessível se transformam. Todas as horas antes gastas em busca da água podem ser usadas para produzir alimentos, criar mais animais ou mesmo iniciar negócios que gerem renda. As famílias já não tomam sopa de micróbios, perdendo, portanto, menos tempo com doenças. Mais importante, libertar-se da escravidão da água significa que as garotas poderão ir à escola e optar por uma vida melhor.
O acesso à água não é apenas um problema rural. Em todo o mundo em desenvolvimento muitos moradores de favelas urbanas gastam boa parte do dia em filas diante de uma bomba-d’água. Mas são enormes os desafios de se levar o líquido até as aldeias remotas, como as do Konso. Foro, a aldeia de Aylito, fica no alto de uma montanha. Muitas aldeias nos trópicos foram construídas no topo de colinas, lugares mais frescos e menos sujeitos à malária, além de ser mais fácil ver dali a aproximação do inimigo. Porém, as altas aldeias no Konso não dispõem de fácil acesso à água. As secas e o desflorestamento continuam a empurrar o lençol freático para baixo. Em algumas áreas do Konso ele fica abaixo de 120 metros da superfície. O melhor que se pode fazer em algumas aldeias é instalar um poço perto do rio. A água não ficará próxima, mas ao menos será mais constante, fácil de captar e com maior probabilidade de ser limpa.
Em muitas nações pobres, os poços seriam factíveis em um vasto número de aldeias e vilarejos. Mas perfurações profundas requerem conhecimento geológico, além de máquinas pesadas e caras. A água em muitos países, como na Etiópia, é responsabilidade de cada distrito, sendo que os governos locais possuem pouco conhecimento técnico ou dinheiro. "As pessoas que vivem em favelas e áreas rurais sem acesso à água potável são as mesmas que não têm acesso aos políticos", sustenta Paul Faeth, presidente da Global Water Challenge ("Movimento Global pela Água"), um consórcio de 24 ONGs baseado em Washington, capital dos Estados Unidos. Assim, o esforço para tornar acessível a água limpa recai em grande parte sobre esses grupos benemerentes com variado grau de sucesso.
O maior empecilho com esse modelo é que surgem problemas técnicos tão logo os grupos que os construíram vão embora. Às vezes usa-se uma tecnologia que não pode ser consertada no local ou cujas peças avulsas para reparos estão disponíveis apenas na capital. Outras razões são dolorosamente triviais: os habitantes das aldeias não conseguem levantar dinheiro para comprar uma peça de 3 dólares ou não acham ninguém de confiança para comprá-la com seus fundos comunais. A pesquisa de 2007 no Konso apontou que somente nove projetos, de um total de 35, se acham em funcionamento.
Uma organização sem fins lucrativos baseada no Reino Unido chamada WaterAid (algo como Pró-Água) está assumindo a tarefa de levar água às mais esquecidas aldeias do Konso. À época da minha visita, a WaterAid havia recuperado cinco projetos e criado comitês nas aldeias para manejá-los, e já trabalhava para reavivar outros três. No centro de saúde da capital do Konso, a ONG instalou calhas nos tetos inclinados das construções para conduzir a água da chuva até um tanque coberto, onde está sendo tratada, para depois ser usada no centro de saúde.
A WaterAid também atua em aldeias como Foro. A abordagem deles combina tecnologias que se provaram duradouras - tais como construir um dique de areia para capturar e filtrar a chuva que, de outra maneira, se perderia - com novas ideias, a exemplo da instalação de banheiros capazes de gerar gás metano para uma cozinha comunitária. Mas a real inovação é que a WaterAid trata a tecnologia apenas como parte da solução. Tão importante quanto ela é o envolvimento da comunidade no planejamento, na construção e na manutenção de novos projetos para a água. Antes de começar cada um, a organização pede à comunidade que constitua um comitê Wash (sigla de water, sanitation, hygiene - "água, saneamento, higiene") com sete membros, dos quais quatro têm de ser mulheres. O comitê trabalha com a WaterAid no planejamento dos programas e envolve a aldeia em sua construção. Em seguida, mantém e toca o projeto.
O povo do Konso, que cultiva suas plantações em terraços arduamente escavados nas encostas das montanhas, é famoso por sua capacidade de trabalho árduo e se constitui em um trunfo na luta pela água. Na aldeia de Orbesho, os residentes construíram até uma estrada por conta própria para que as máquinas de perfuração pudessem chegar ali. No verão passado, a bomba deles, na margem do rio, estava sendo dotada de um motor para puxar a água fluvial até um reservatório no topo de uma montanha vizinha. Dali, por gravidade, a água descerá pelos dutos até as aldeias do outro lado da montanha. Os nativos contribuíram com alguns centavos por cabeça para ajudar no custeio, produziram concreto e coletaram pedras para as estruturas. Agora, estão cavando valas para a fixação dos dutos.
Se instalar uma bomba-d’água é um desafio técnico, estimular a higiene é um desafio de outra natureza. Wako Lemeta é um dos dois fomentadores de higiene treinados pela WaterAid em Foro.
Lemeta, tímido, para na casa de Aylito Binayo e pede permissão ao marido dela, Guyo Jalto, para checar seus galões. Jalto leva-o até a palhoça onde eles são guardados. Lemeta abre a tampa de um deles e cheira, balançando a cabeça em aprovação - a família está usando WaterGuard, um aditivo à base de cloro. Uma tampinha cheia do produto purifica um galão de água. O governo passou a distribuir WaterGuard logo no começo da mais recente epidemia de diarreia. Lemeta também verifica se a família possui uma latrina e fala aos moradores sobre as vantagens de ferver a água de beber, lavar as mãos e banhar-se duas vezes por semana.
Muita gente já abraçou os novos hábitos. Pesquisas mostram que o uso da latrina subiu de 6% para 25% na área desde que a WaterAid começou a atuar, em dezembro de 2007. Mas é uma luta. "Quando eu lhes digo para usar sabão", explica Lemeta, "eles costumam responder: ‘Dê-me o dinheiro pra comprar o sabão’."
Barreiras similares precisam ser superadas para manter o programa ativo depois que o grupo auxiliar se vai. A WaterAid e outros grupos bem-sucedidos acreditam que cobrar uma tarifa dos usuários - em geral 1 centavo de dólar por galão (3,78 litros) de água ou menos - é fundamental para sustentar um projeto. O comitê Wash da aldeia encarrega-se da coleta de dinheiro para financiar peças sobressalentes e consertos. No entanto, os moradores ainda pensam na água como uma dádiva divina. Depois vamos ter de pagar também pelo ar que respiramos?, parecem dizer.
Faz muito tempo que água e dinheiro formam uma mistura problemática. Em 1999, a Bolívia outorgou a um consórcio multinacional os direitos de prover serviços de água e saneamento à cidade de Cochabamba por 40 anos. Os protestos que se sucederam contestando os preços altos acabaram por expulsar a companhia, atraindo as atenções para os problemas acarretados pela privatização da água. Companhias multinacionais encarregadas de gerir sistemas públicos de água em bases lucrativas sentem-se pouco incentivadas a conectar lares rurais longínquos ou cobrar pela água um preço acessível aos pobres.
Mesmo assim, alguém tem de pagar pela água. Embora ela brote da terra, isso infelizmente não ocorre com tubulações e bombas. E costuma ser mais caro fornecer água justamente àqueles que menos podem arcar com seu custo - pessoas que moram nas aldeias remotas do mundo, sujeitas a secas e escassamente povoadas.
"A pergunta-chave é: quem decide?", diz Paul Faeth, da Global Water Challenge. "Em Cochabamba ninguém se comunicava com os mais pobres. O processo não era aberto ao público." Uma bomba-d’água em uma aldeia rural é outra história. "No âmbito local há uma conexão mais direta entre as pessoas que implementam o programa e a população que terá acesso à água."
Os habitantes das aldeias do Konso, por exemplo, possuem e controlam as bombas. Comitês eleitos estabelecem as tarifas que cobrem a manutenção. Ninguém procura recuperar custos de instalação ou gerar lucro. As pessoas contam que, depois de poucas semanas, elas se deram conta de que 1 centavo por galão é de fato barato, bem menos do que custavam as horas gastas carregando água, sem contar o dinheiro, o tempo e as mortes causadas pelas doenças.
O quanto a vida de Aylito Binayo poderia ser diferente se ela nunca mais precisasse descer até o rio para pegar água? No fundo de uma ravina, longe de Foro, existe um poço. Tem 120 metros de profundidade. Durante minha visita não encontro muito o que ver ali: acima do chão, é só uma caixa de concreto com um galão de cabeça para baixo em cima dele à guisa de proteção, defendido dos animais por uma pirâmide de amoreiras silvestres. Mas eis o que está para acontecer: uma bomba vai mandar água montanha acima até um reservatório. Dali a gravidade se encarregará de enviá-la de volta para baixo até as torneiras das aldeias locais - Foro inclusive. A aldeia vai dispor de duas torneiras comunitárias e de uma casa de banhos. Se tudo correr bem, Aylito Binayo terá uma torneira com água boa a somente três minutos a pé da porta de casa.
Quando peço a Aylito que imagine como será mais fácil sua vida, ela fecha os olhos e enumera uma lista de tarefas. Ir à roça ajudar o marido, cortar capim para as cabras, preparar a comida para a família, limpar o terreno comunal. Além de ficar com seus filhos, em vez de deixar um garotinho de 4 anos de idade encarregado de seus irmãos mais novos. "Não sei se devo acreditar que vai funcionar. Estamos no topo de uma montanha, e a água está lá embaixo", diz ela. "Mas, se funcionar, ficarei tão feliz, mas tão feliz…"
Pergunto sobre as esperanças que Aylito alimenta sobre sua família, e a reposta que ela me dá é tocante pela modéstia: poder enfrentar a onda de fome e doenças provocada pela seca atual - ou seja, tocar em frente a vidinha esquálida que sempre conheceu. Ela não tem ilusões. Ela nunca ousou imaginar que um dia sua vida pudesse mudar para melhor. Que pudesse chegar uma torneira de metal da qual jorrasse dignidade.
Fonte: National Geographic – http://www.natgeo.com.br/

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